Reunião Científica, 9 de março de 2018
A Prof. Drª Adyléia A. Dalbo C. Toro, pneumologista pediátrica da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, ministrou excelente aula versando sobre a Correlação entre as vias aéreas superiores e inferiores.
Conhecendo-se as semelhanças histológicas e imunológicas entre as vias aéreas superiores e inferiores compreende-se o entrelaçamento existente entre as duas do ponto de vista inflamatório. Trabalhos experimentais demonstraram que, se a estimulação nasal provoca reações brônquicas, de forma similar a injeção de antígenos nos brônquios de pacientes com rinite, porém sem hiper-reatividade brônquica ou asma, determina resposta inflamatória na mucosa nasossinusal.
Sinusites de repetição ou crises de rinite descontroladas produzem secreção nas vias aéreas superiores que migram através de microaspirações, contaminam as vias inferiores e induzem respostas inflamatórias generalizadas, inclusive da própria mucosa nasossinusal, gerando um ciclo vicioso.
O micro bioma presente nas vias aéreas inferiores pode ser alterado por contaminações vindas das vias aéreas superiores desde a mais tenra idade com repercussões importantes por toda a vida. As reações inflamatórias locais e generalizadas produzidas por esta contaminação, associadas a condicionantes genéticos, poderão ter papel crucial no aparecimento da asma e na gênese de bronquiectasias que por sua vez estão implicadas em quadros de tosse crônica.
Por esta razão o otorrinolaringologista deve estar atento para o papel fundamental que as condições das vias aéreas inferiores podem ter naqueles pacientes com quadros de alergia nasal ou sinusites de repetição de difícil controle.
O claro entendimento destas relações por parte do otorrinolaringologista e do pneumologista amplia a possibilidade de sucesso no tratamento destes pacientes.