Reunião Científica, 06 de outubro de 2017

             Com grande expertise e didática, o Prof. Dr. Antônio Roberto Franchi Teixeira trouxe para os membros da Disciplina sua experiência no uso do laser de baixa potência auxiliando a regeneração tecidual de órgãos sólidos, especificamente com seu trabalho relacionado ao pequeno remanescente nas hepatectomias. Todo o trabalho experimental foi desenvolvido na Unidade Multidisciplinar de Medicina Laser do HC-UNICAMP, coordenado pela Prof. Drª Ester Nicola atualmente aposentada, e inspirou-se no uso que já se fazia do laser desde o final da década de 70 em nossa Disciplina de Otorrinolaringologia Cabeça e Pescoço.
             Os pacientes com intensa mucosite oral durante o tratamento das neoplasias da cabeça e pescoço apresentam significativa melhora após estimulação com laser de baixa potência, constatação sugestiva de que efeito similar poderia ser obtido em outras condições requerendo rápida regeneração.
             Depois de verificada a ausência de investigações desta natureza na literatura, foram estabelecidas as bases para um estudo experimental em ratos submetidos a hepatectomia seguida de estimulação hepática com laser hélio/neônio 632,8 nm. Comparados à ratos não estimulados, confirmou-se naqueles que receberam o laser a ativação das vias moleculares de regeneração. Discutiu-se possíveis limitações para estudos em humanos e futura aplicação clínica da técnica, uma vez que parece possível que outras vias, como a da inflamação, apoptose e mesmo a oncogênica possam também sofrer algum tipo de estímulo.
             Ao final de sua apresentação o Prof. Antônio Franchi lançou um desafio a nossa especialidade, pioneira no uso do laser no Brasil, para que ela busque a aplicabilidade da estímulação regenerativa em outras situações, como por exemplo nos retalhos com perfusão comprometida, nas lesões do nervo facial e suturas nervosas e tantas outras que estão presentes em nossa prática diária.
             A pesquisa de base necessita trabalho árduo, equipe multidisciplinar motivada e instalações adequadas, nem sempre fáceis de encontrar. Buscar reunir as condições necessárias para realizá-la, no entanto, é fundamental para todas as universidades brasileiras afim de alcançar uma posição de destaque na Otorrinolaringologia mundial.