Reunião Científica, 06 de outubro de 2017

            Com sua habitual clareza e didática, a Prof. Drª Raquel Mezzalira, assistente do Serviço de Otoneurologia da Disciplina de Otorrinolaringologia Cabeça e Pescoço da UNICAMP, propiciou aos presentes na Reunião Científica de hoje excelente atualização sobre doenças que, apesar de há longo tempo descritas, ganharam nos últimos anos nova roupagem nos aspectos fisiopatológicos, diagnósticos e de tratamento.
            Em relação a Doença de Mèniére e Migranea Vestibular foram lembrados os novos critérios para o diagnóstico de uma e outra, os mecanismos moleculares envolvidos nas crises, assim como o atual entendimento de que estas se relacionam e podem ser consideradas Interfaces de uma mesma condição.
            A chamada Tontura Postural Perceptual Persistente (TPPP), desordem somatoforme presente na transição entre Otoneurologia e Psiquiatria, não deve ser considerada um diagnóstico de exclusão por apresentar características clínicas e achados otoneurológicos típicos, além de mecanismo fisiopatológico específico. Neste último identificamos a sensibilização das vias responsáveis pela manutenção do equilíbrio ao interagir com os sistemas de ameaça, fuga e medo. Os agentes serotoninérgicos são os medicamentos iniciais de eleição no tratamento da TPPP.
            A Paroxismia Vestibular, nome dado a síndrome causada pela compressão vascular do nervo vestíbulo-coclear, provoca ataques breves de tontura e geralmente responde ao uso da carbamazepina. Para os raríssimos casos onde uma tontura incapacitante se instala, poderá existir indicação cirúrgica.
            Finalmente discorreu-se sobre a Deiscência do Canal Semicircular Superior onde uma erosão no teto do canal desencadeia desequilíbrio, oscilopsia e nistagmos quando da presença de estímulo sonoro ou pressórico no conduto auditivo externo ipsilateral. O tratamento é sintomático, reabilitação vestibular com mudanças de hábitos e, raramente, cirúrgico.